sábado, 21 de novembro de 2009

quem foi mordido pelo seabug, sente falta do mar...


Dizem que o pessoal que trabalha em navio ou ama ou odeia a experiência. Não tem meio termo. Quem gosta do mar, sempre sente saudades. No meu caso já se passaram uns 4 meses desde que voltei, e tá dando uma pontinha de saudades (devo ser louco mesmo). Em alguns momentos parece que você está lá no navio, como em um pesadelo. Não digo isso pra assustar alguém, e não tem nada a ver com saudades da família e tal. Mas são situações de pessoas que te aborrecem (e que vc tem que ver a tal pessoa TODO o dia). Na verdade é um exercício interessantíssimo para crescimento pessoal. Se você não tem p-a-c-i-ê-n-c-i-a de Jó, vai explodir logo. Tudo bem que a gente é ser humano (conheci alguns que eram, no entanto, ceres umanos...), tem limite e tal. Estou tendo algumas idéias sobre o trabalho no mar que daqui a pouco vou postar. Vai depender do que minha recrutadora Débora (pessoa querida e que respeito muito) disser.

Acho que nunca escrevi sobre a seleção no Rio. Tô a fim de relatar pra quem tá chegando agora.

SELEÇÃO NO RIO - 2007
Voamos para o Rio, eu e minha modelo (esposa). Chegamos pela madrugada, ficamos no mesmo hotel onde seria feita a seleção. Lembro que o traje era formal e com exceção de mais duas pessoas, todos estavam trajados de maneira bem informal. Uma coisa que aprendi cedo na vida é de que você quer algo, tem que se ADAPTAR ao que deseja e não o oposto. Se uma entrevista é pra ir de chinelo de dedos, você vai de chinelos, pois se são os entrevistadores que assim pedem então tem de ser assim. Não sei quantas pessoas foram aprovadas, além de mim, mas pela maneira de se expressarem, durante o intervalo, dava prá ver que tinha gente que queria mais era viajar como passageiro e trabalhar nas horas de folga!!
Bom, tudo foi tão rápido que dizer foi como um sonho bom não descreve as emoções que vinham, uma atrás da outra. Já tinha viajado para o exterior antes (pagando em suaves prestações, de 12x!) para estudar inglês em NY. Fiquei um mês lá no tempo em que estava na faculdade.
Londres foi uma maravilha, as cores completamente diferentes daqui no Brasil, tudo inesperado. Algumas pessoas reclamavam de tudo: da comida no YMCA, na carga puxada de estudos e blá, blá, blá. Olha, quem tá a fim de pegar no trabalho se escolhe muito fica sem nada. Não quer dizer que a gente tenha que se rebaixar e aceitar o que é notadamente errado ou escravizante.

Depois do primeiro contrato e dos lugares que sempre sonhei em visitar (visitei TODOS os países que sempre desejei. mmmm it´s like a miracle) aprendi um monte sobre administração, clientela, e tal. Isso tem me ajudado muito aqui na reestruturação do nosso pequeno negócio. Enxugamos todo o excesso e estamos indo bem mesmo. Então, prá que voltar a ficar 7 meses longe de casa....ah, tem coisas que não se explica pois você tem que sentir e vivê-las!

Débora - Recrutadora Steiner

Conversei -ao vivo e em cores- uma unica vez com a Débora, que faz a seleção para a Steiner, (empresa que gerencia os spas a bordo de navios de cruzeiro). Ela me pareceu bem legal, idônea e muito transparente. Enquanto ela comentava sobre a experiência dela como massagista a bordo e a possibilidade de fazermos parte do trabalho a bordo, senti lá dentro que era aquilo mesmo. Tinha certeza que iria conseguir o trabalho. Nos anos seguintes sempre que tive situações delicadas e não sabia a quem recorrer, ela foi uma luz no meio de tanta papelada e burocracia. Sempre foi prestativa e com uma palavra (ou melhor, um e-mail) de força. Nunca agradecerei à ela o suficiente pela oportunidade única de trabalhar em navios. Obrigado Débora.

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Hoje é sábado, dia de descansar um pouco. Segunda-feira tem um monte de coisas pra fazer, algumas dizem respeito ao meu trabalho por aqui e outras sobre meu futuro próximo. Assim que eu tiver novidades, escrevo mais. Um abraço a todos e você que está lendo essas mal traçadas linhas e não sabe se vai-ou-se-fica, se vai trabalhar em navio ou não, digo uma coisa: Quem não arrisca não petisca!!! fui.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

See you, in September, or lose you to a summer lullaby..

Pois estamos em Setembro. Cancelei meu contrato em Julho, dois dias antes do meu aniversário. Lembro que a gerente perguntou se teria possibilidade de eu continuar etc.. mas como já estava decidido, com a passagem de volta comprada, eis me aqui, back to Brazil.
Quando desci do navio, tive que esperar que um Parole Officer. em bom português: fui escoltado do navio ATÉ atravessar a imigração no aeroporto de Los Angeles. Quando eu lí que teria essa pessoa me levando até lá quase me sumí de vergonha. Imaginei a cena: um policial ou algo parecido me escoltando..na verdade foi um senhor, vestindo roupas comuns que fazia isso. Na verdade era um aposentado, que se eu tivesse intenção de ficar nos EUA, teria sido fácil. Ora, mas bem capaz que eu iria fugir, viver escondido, lavando pratos ou limpando a sujeira dos outros para ganhar uns míseros dólares, eu heim! Mas isso que eles fazem (escoltar até o aeroporto) tem seu fundamento. Algumas pessoas vão com emprego garantido no navio, ficam um tempo e se somem nos Estados Unidos. Conheci uma massagista a bordo (ela ficou só uma semana) vinda de Zimbawe, África. lembro que havia terminado um cruzeiro e outro estava iniciando, o pessoal embarcando e demos falta dela. Onde se meteu a Melody...
ela alegou estar doente, e naquele vai-e-vem de passageiro desembarcando, pessoal limpando tudo e novos passageiros embarcando, ela se foi. Na semana seguinte (lembra que os cruzeiros levam 7 dias) veio toda uma parafernália de agentes da imigração, querendo saber o paradeiro da moça. Resumindo a novela: ela desembarcou, foi para um hotel em L.A., deixou TODAS as malas no hotel e ninguém mais soube dela... o boato que correu no spa era de que ela já tinha contatos por lá para ficar ilegal no país...
Ví tanta gente maluca, gente legal, alguns igual a nós, Brasileiros, e outros tantos que só vivendo o momento para entender...no final das contas, os seres humanos são iguais em todo o lugar..

LADRA DE PRIMEIRA VIAGEM
Certa ocasião (iniciar o parágrafo dessa maneira parece gaúcho contando um causo) veio uma família que estava fazendo cruzeiro pela primeira vez. Achei todos muito simpáticos, se bem que a menina mais velha, de uns 19 anos de idade, dava as ordens para todos. Muito estranho... Ela havia passado em uma seleção e iria trabalhar em Washington como estagiária (hum...lembram da Monica Chupinski). Bom, ela queria fazer um penteado, mas a mãe e a irmã também, e como eu mostrei o spa pra elas, eu faria o cabelo das três. Ótimo, assim poderia fazer retail pra todas elas. Me pediram desconto e tal. No dia da festa de gala fiz os penteados (olha que elas ficaram MUITO bonitas mesmo, modéstia à parte :) Só que a safada da moça, em um momento de distração de dois segundos,
furtou um pente que todo mundo do spa cobiçava, especial para desfiar o cabelo (nem era caro, paguei uns 15 reais aqui no Brasil). Pois a cretina disse que o cabelo tava maravilhoso e que tinha que ir ao restroom. Eu tenho plena certeza que foi ela que surrupiou o tal do pente. isso me deu uma raiva pois nos meses seguintes não conseguia mais fazer o mesmo efeito de volume com os outros pentes que eu tinha..mas que shit mesmo.

AMSTERDAN PARTY e a Mãe de todas as prostitutas

Nesse contrato não fui muito às festas a bordo... as que ocorriam na Princess era BEEEEEEM melhores. o Crew bar na Carnival é bem moderno, mas faltava algo. Bom, houve uma festa com o motivo de Amsterdan, Pimps e Prostitues. A idéia da coisa era fazer uma graça geral... crenças à parte, valores também, resolvi participar. As garotas do spa se fantasiaram de prostitutas pobres. Uma delas ficou tão bem caracterizada, que se auto-intitulou a Mãe de todas as whores, pois era um escracho total. Naquela noite ri tanto que minha boca ficou doendo. Foi mais do que divertido, foi mega-funny. A idéia das spa girls era se vestirem bem bagaceiras e exageradas. Funcionou. Eu pintei um bigode e teve gente que não me reconheceu, pois sempre me viam de gravata e sapatos. Foi um dos momentos que eu gravei na memória como um saldo positivo dessa experiência.
So, whats next... ainda não sei. As aulas por aqui estão um ótimo desafio (sou professor de escova, química etc..) e nossos alunos estão bem empolgados com os cursos. Preciso de desafios caso contrário não tem porquê viver. Pensa bem: se tudo fosse perfeito, sem imprevistos, a vida seria monótona e preto e branco...Como digo para o meu pessoal por aqui, tem que ter desafio sempre para que a viva valha a pena e como está valendo! Claro que a vitória assim é muito saborosa! Quando ao futuro de navios, etc.... por enquanto está bom ficar por aqui, embora eu ADORE o trabalho em alto-mar, os desafios diários, os passageiros com suas histórias de vida interessantes ( e olha que eu ainda tenho que escrever sobre isso, pois ouvi CADA coisa que vocês não vão acreditar, desde uma amiga íntima do Michael Jackson que me contou...... olha, deixo isso pra um outro post, só prá atiçar a curiosidade de quem lê :)
Um beijo, abraço a todos, agradeço os recados e tudo de bom. Força prá quem tá se sentindo desanimado (e eu por acaso não sei o que é isso:) e até o próximo post gente!
Ah! meu novo link pro vídeo que fiz pra esse contrato:



quarta-feira, 3 de junho de 2009

REVENDO MEUS 4 MESES NO NAVIO


Estou escrevendo a partir do meu novo NETbook. Esse eh um lancamento aqui, parece com um laptop, so que tem apenas uns 25 cm ou menos de largura, eh bem pequeno leve e custou so 299 dolares, uma micharia por aqui. Tem todas as coisas que um laptop comum, so que nao vem com o cd drive, que para mim nao faz falta, pois a gente tem como usar of flashmemory e colocar ate 8 giga de filmes ou file dentro, e elas tem o tamanho de um dedo pequenino.
Hoje a noite havera a party com o tema “Amsterdan Red Light District”. Todo mundo esta bem entusiasmado. As garotas do spa vao vestidas como trash sluts (tipo prostituta pobre) e os dancers do navio vao vestidas como rich call girls (acompanhantes de luxo). Os rapazes vao vestidos como pimps, pusher e drug-rehab (desculpa, mas nao lembro da traducao…) vai ser uma risada so! Dessa maneira, sempre que ha uma festa a gente quer se divertir, tirar muitas fotos e rir muito. Eh uma grande familia, legal e muito divertido mesmo.
Como eu escrevi em algum lugar antes, ganhar dinheiro aqui depende de cada um. Voce tem que ser MUITO positivo e persistente no que quer. E gostar MUITO do que faz. Adoro conversar com os passageiros, aprendo tanto que voces nem imaginam.
Estamos toda a semana em vancouver, que eh uma cidade fantastica, muito interessante e cheia de contrucoes novas, muito modernas e bem arrojadas. Estive no bairro chines (adoro comida chinesa) a comida chinesa no Canada eh BEM diferente daquela que a gente tem no brazil. Nossa comida chinesa eh semelhante a Americana, muito molho vermelho e condimentado. No mexico e no Canada, em restaurantes tipicamente chineses o tempero eh muito diferente. Escolhi o chow mein e dumplings. ADORO os dumplins que sao uma especie de bolinho recheado e assados no vapor, o que torna a comida muito delicada e gostosa. Voce come e nao para mais. Eh nao fica de estomago pesado. Ah, viajar eh tao bom, o unico problema eh a distancia de casa..
Bom, a tal da gripe suina parece que deu lugar a outro tipo de noticiario na america entao vamos voltar a fazer o itinerario Long beach- Puerto vallarta-mazatlan-cabo san lucas a partir de 21 de junho. Estou meio que cansado de tanto mexico.. o bom eh que qualquer 10 dolares da pra voce comer e tal, ja no canada tudo eh um pouco mais caro, se bem que a cidades sao limpas, bonitas e por ai vai.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

CANADA


swine flu, acho que eh gripe suina em portugues. pois eh. a tal da gripe fez a empresa carnival mudar o trajeto do navio e nao vamos para o mexico por um bom tempo. uma brasileira que trabalha no pursers do navio (uma especie de balcao de atendimento ao passageiro) disse que tiveram que chamar a seguranca pois teve gente que agrediu os atendentes devido a mudan;a de itinerario. Na verdade tem muito passageiro que [e bem bagaceiro, tipo semi-favelado, entende? Nao pense que por estarem a bordo estao cheios da grana, nem sempre eh assim. vemos isso no spa. tem cada um que da medo.
estamos em 27 de maio, faz um frio aqui em victoria, canada. a cidade eh bonita, moderna e limpa. gosto de andar pelo bairro chines (acho que tenho um pouco de sangue oriental). em cada grande cidade americana ha uma chinatown, onde vc encontra tudo da china, bons restaurantes e tal.
estivemos tambem em Astoria, Oregon nos estados unidos. Uma cidade tipicamente americana. os habitantes gostam de comentar que varios filmes foram rodados l'a: Goonies, O chamado 1 e 2 e muitos outros. a cidade eh um ovo de pequena, so tem 10 mil habitantes!
todos os sabados estamos em long beach, california. lugar bonito, pre;os bons e cheio de gente maluca na rua. voce v"e pessoas loucas, falando sozinhas. muito estranho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

LOS ANGELES

Nossa, como demorei pra atualizar... embarquei em Buenos Aires, fazendo o trajeto em direcáo ao Equador. foram 40 e tantos dias de cruzeiro atè chegar em Los Angeles. O porto é interessante, o pouco que pude ver da cidade é muito bonito. Hoje estou em Puerto Vallarta, Mèxico. A temperatura è de veráo, o navio esta lotado de passageiros e tenho o dia inteiro de folga. Vamos zarpar âs 10 da noite, entáo tenho tempo de conhecer bem a cidade.

Minha experiëncia atè agora no Spa:
Sáo 30 e tantas pessoas trabalhando no spa, è de dois andares e como sempre temos uma vista privilegiada de onde estamos. O pessoal è legal, o navio tem telas gigantes de TV plasma por todos os cantos. Tudo è muito moderno, funcional e confortàvel.

Faz quase dois meses que estou a bordo e jà perdi quase 11 kilos. Como de tudo, mas nossa rotina è muito movimentada, entáo perder peso è fàcil. As garotas do spa sáo todas esbeltas, mas por que è fàcil emagrecer a bordo. Estou contente, pois quando cheguei pesava 96 quilos!!!!! Tava gordo como um porco..

O navio è tudo de bom. temos todo o tipo de privilëgio, como almocar no buffet de passageiros (que è GIGANTESCO). Tem cozinheiros da china que fazem na hora o teu chow mein, vocë sò precisa escolher o que vai querer nele! No entanto, a comida servida para o Staff è boa, entáo raramente vou ao buffet dos passageiros (que ocupa todo o deck 9).
Desculpa peloos erros de escrita, mas è que o teclado aqui no mexico è um pouco diferente do nosso no brasil. Beijos, abracos e assim que der, posto as fotos (muitas!) que tirei atè aqui.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mi Buenos Aires querido

Domingo, meu último dia no Brasil. Amanhã cedo vou para Buenos Aires onde embarco no dia seguinte no navio. A empresa nos orienta a sempre chegar um dia antes do nosso embarque, para evitar qualquer problemas com atraso, greves e etc. É melhor assim, pois como o navio chega às 09:00 da manhã no porto, e devo me apresentar para a gerente do spa na primeira hora, não posso atrasar.
Sempre quis conhecer Buenos Aires. Ví fotos e filmes sobre a cidade. Ela tem uma atmosfera de passado, com construções antigas, coisa que gosto muito. Lí que os preços na cidade são bem atrativos para os brasileiros, devido ao câmbio.
O maior problema quando organizamos as malas para novo contrato, diz respeito à quantidade de coisas que temos que levar. Como sou cabeleireiro tenho que levar todo o meu material de trabalho, que é bem pesado. Quanto à roupas não é muito e elas não pesam tanto assim. Já tirei duas vezes coisas da mala para não ter que pagar excesso na ida. Na volta vou comprar uma mala grande pois sempre tem coisa que a gente traz para casa, como presentes e tal..
O vôo até Buenos Aires dura uma hora e meia (a partir de Porto Alegre), o ônibus do aeroporto de lá até o hostel (albergue) dura, em média duas horas! Optei pelo ônibus por duas razões:
1) custa algo como um real (sou bem econômico. Não gosto de gastar muito). O taxi é quase o dobro do que vou gastar no hostel (depois coloco fotos do local) e pode ser um pouco perigoso, pelo que lí no Mochileiros.com.br
2) O ônibus passa por todos os pontos turísticos de Buenos Aires. Como escreví antes, gosto de olhar a arquitetura dos lugares, então não será nenhum tipo de inconveniente o tempo de viagem.!
Tenho lido em comunidades do Orkut a opinião de muitas pessoas que trabalharam em navios, em diferentes áreas, que dizem ser uma péssima experiência, pois era trabalho escravo e ganhavam uma ninharia. Bom, tem horas que o serviço é mais parado (=menos gorjetas), mas nem sempre é assim. No caso de quem pode escolher qual navio quer ir (oficiais e spa, acho que são os únicos que podem escolher onde e quando ir) fica mais fácil. Todos no spa sempre diziam que cruzeiros de curta duração, de 4 até 7 dias, são os melhores, pois sempre tem passageiros novos (= dinheiro) toda a semana, já em cruzeiros de 14 ou mais dias as pessoas tem uma tendência de segurar mais seus gastos. Uma viagem ao redor do mundo deve ser terrível em termos de dinheiro. De que adianta, então, visitar todo o mundo e não ter lá grande dinheiro em mão?
Muitos dos brasileiros que falam mal do trabalho, penso que seja pela ilusão de que vão ser tratados como passageiros. Quem vai para trabalhar, vai ter que trabalhar, mesmo! O perfil de quem não vai dar certo no navio é daquelas pessoas que gosta mais de farrear do que de pegar no pesado. Concordo que há gerentes ou supervisores que são terríveis, mas é o tipo de coisa que pode ocorrer em qualquer lugar.
Engraçado que de todas as nacionalidades que tive contato, os brasileiros eram os que mais reclamavam, SEMPRE. Não entendo.. Sei que trabalhar em restaurantes é puxado, e vale lembrar que não existe o jeitinho brasileiro. Você trabalha ou vai embora.
Trabalhar na indústria do turismo requer muita tolerância e saco de paciência, pois quem está de férias está pagando para ter o serviço que é prometido. Tem vezes que dá vontade de sacudir a cabeça de um passageiro! Conheci uma comissária de bordo aposentada da Varig que me disse, há muitos anos atrás: "Os passageiros são transitórios. Eles vão e vem, mas eu permaneço, então, porquê ficar estressado?"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Histórias Engraçadas

Acho que a vida tem que ser vivida com alegria. O trabalho a bordo pode ser estressante ou você pode fazer que seja mais agradável. Eu optei pelo bom humor e não foram poucas as vezes que fiz muita gente rir no spa com as situações que criávamos para deixar o ambiente mais...interessante!

Terror A Bordo - vou arrancar sua pele



Dia de embarque, saindo da Flórida para o Caribe. Entram duas moças no salão. A pedicure termina o pé de uma delas e ela senta perto de onde estou. Como tenho tempo livre, resolvo iniciar uma conversa com ela. Explico a importância de se ter atenção com a pele e tal. Falo  dos benefícios de nutrir a pele do rosto para evitar as rugas prematuras. Até aí ela continua com os olhos grudados em mim. Digo que um programa adequado para o tipo de pele dela é começar fazendo uma exfoliação, antes de nutrir. Ela, Americana, não entende o que é o termo exfoliação. Dou mais detalhes e falo que é remover a camada de pele morta, que com o passar dos anos vai ficando mais grossa e assim deixa o rosto sem o brilho da juventude. Pois não é que a moça pára de beber o drinque, arregala os olhos como se tivesse visto um monstro, e diz, l-e-n-t-a-m-e-n-t-e:  "como eu vou viver sem minha pele?" O problema é que ela não estava brincando. A passageira achou que a tal exfoliação iria arrancar TODA a pele do corpo dela!! 
Pobre da moça. Quase entrou em choque, começou a dizer que não queria saber daquilo, pois deveria ser horrível, a amiga veio e ela disse para a moça que eu tinha proposto exfoliar o rosto dela, que era como arrancar toda a pele do rosto. A amiga, um pouco menos burra disse prá ela não gastar o dinheiro dela com bobagens, que ela não precisava de nada. Foram embora. Quando contei o ocorrido pras manicures (que disseram que as duas moças pareciam ser meio caipiras) elas começaram a rir que quase fizeram xixi no uniforme  :)

E vamu batê palminha!

Chega a tia, muito falante, muito querida. Só que eu não conseguia entender quase nada do que ela queria. Deixa explicar: a mulher ria e falava, ria e falava, mas TANTO (já chegou alegre ao spa), que eu não entendia o que ela tava dizendo. Acho que ela tinha tomado um trago bem forte (fumado, ou cheirado, ou ambos, não sei..), que deixou todo o senso de auto-controle na cabine. Por mim, tudo bem. Só que eu tava ficando um pouco aborrecido pois ela falava, ela me perguntava algo e eu todo o instante: "Sorry, what did you say?" A tia ria e batia palmas. Parecia louca. Começei a secar e modelar o cabelo da tia e resolvi entrar na dela. Ria junto com ela, prestando atenção para acompanhar a altura da risada, para parecer que eu tava entendendo tudinho. Tinha momentos que ela ria mais alto, e eu também. Terminei o cabelo da tia, cobrei, ganhei minha gorjeta e ela foi embora. As duas manicures, que ficaram contagiadas por tanta risada, me perguntaram o que estava acontecendo. Eu disse que não tinha a menor idéia do que a cliente tava falando, pois não tinha entendido NADA. As duas jamaicanas começaram a gargalhar até não mais dar!

Dança da tchutchuca - o momento Amy Winehouse da curitibana riquinha

Era um alvoroço, que eu não entendi o que estava acontecendo, já no final de um cruzeiro. "Você não sabia?". Sei lá, eu disse. Havia uma brasileira, destrambelhada, que numa da piscinas públicas resolveu fazer top-less, na frente de famílias e crianças, chocando a todos. A doida já tinha sido pega várias vezes na área de tripulantes (é proibido para passageiros), tinha ido a uma das festas no crew bar, havia sido flagrada com drogas. A coisa foi tão feia, que o diretor do cruzeiro disse, no teatro, para mais de 1500 passageiros, que os brasileiros eram muito extrovertidos e que tinham uma maneira de se expressar que poderia ser chocante para outras culturas. Ainda bem que eu só fiquei sabendo desse vexame no final do cruzeiro. Que papel, heim? 

A vendedora banguela em Fortaleza



Chegamos em Fortaleza, nunca tinha visitado o lugar. O porto era usado para navios de carga, a vizinhança bem interessante, com vários prostíbulos funcionando naquela manhã, que, apesar de ser domingo, elas tem que PEGAR no batente. Entendeu? 
Fui até o centro, entrei numa churrascaria , pedi um guaraná e churrasco. Fazia meses que não comia um churrasco. Veio o guaraná: boca da garrafa toda quebrada e enferrujada. A carne chegou, depois de uns 58 minutos de espera. Tá, deu prá enganar a vontade. Faço churrasco melhor do que eles. 
Na volta, entro na fila que se forma, fora do navio. Várias barraquinhas estão ali, com exemplares de frutas: mangas meio murchas, uvas, melão cortado e outras mais, tendo um séquito de moscas voando e caga..do nas frutas. Fiquei meio sem graça, pois é minha terra.
As vendedoras eram duas senhoras, uma delas banguela e a outra tinha poucos dentes na boca. Os vendedores falavam que tinham que cobrar bem caro pois os passageiros eram ricos. Elas falavam assim, pois todos os passageiros não entendiam o Portugues. Tipo, uma caneta ordinária escrito BRASIL estava por $5,00 dólares. Acho que ela custa uns 50 centavos, só. Ninguém comprou nada, nem olhou para as baraquinhas. 
A senhora banguela continuou mascando um troço o tempo todo. Será que era aquele fumo de corda? Quanta diferença dos vendedores em banquinhas em outros países!!!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

2009 - minhas férias estão terminando!

2009

  Moro no sul, aqui faz um calor muito grande. Estranho que dias atrás tivemos uma semana inteira de frio intenso, quase parecido com o inverno.... efeito estufa.
   Eu poderia escrever sobre um monte de coisas nesse blog, mas como quero deixar ele apenas para as coisas relativas ao trabalho em navios de cruzeiro, então fica assim mesmo.

   Academia Steiner, Londres

   Todos os que são selecionados para trabalhar em Spas a bordo de navios, devem primeiro ter um treinamento BEM intenso na academia, em Londres. É muito interessante, muita gente lá, principalmente moças que vestem um uniforme branco. Uma vez, quando todos desciam do ônibus, em direção à YMCA (é onde ficamos hospedados durante o curso) um menino na rua perguntou para a mãe se aquele monte de moças de branco eram enfermeiras. Inclusive os sapatos são brancos.



   Nessa foto, a cantina no YMCA. Muita gente sempre reclamava da comida, do sabor e etc. Sou da opinião que você deve ter uma visão ampla sobre a vida, para entender (ou tentar entender) 
o que é bom ou ruim para outras culturas. Claro que a primeira vez que vi uma das brasileiras comendo um típico breakfast inglês, não achei muito apetitoso (e olha que eu não sou nojento pra comer...)  Era feijão adocicado, tomates inteiros fritos, torradas e outras coisas. Lembro que o presunto frito deles era de bater os pés no chão, de tão gostoso. 
   Achei o local asseado, simples mas ok. A beleza de viver e conhecer lugares é não esperar somente o que se está acostumado a ter, mas também conhecer o que é diferente, para não ficar estagnado na vidinha de sempre, achando que se está vivendo, quando na realidade se está enraizado ao passado, repetindo dia após dias as mesmas ações; para mim isso é envelhecer e virar museu. Tudo muda e quem acompanha, se renova sempre como ser humano, não é?
 
  Contagem regressiva para novo contrato, no Carnival Splendor.

Então esse é meu novo local de trabalho, a partir de Fevereiro-09. Estou efetuando os ultimos preparativos, uma vez que o contrato com a Steiner já foi assinado. Agora só resta aguardar e embarcar. 
Gosto muito de todo o trabalho envolvendo viajem, arrumar malas, ir para aeroporto... por mais que seja cansativo para muitas pessoas, simplesmente adoro tudo isso. Gosto de ver e ouvir os diferentes idiomas, comer sanduíches diferentes, ouvir as histórias de gente que mora em países próximos, como México ou mais distantes como o japão e outros poucos conhecidos como a Sérvia ou a Ucrânia... Para mim isso é viver, não o fato de ostentar um carro luxuoso, ou roupas espantosamente caras e com a marca enorme estampada na camiseta, ou os sapatos estranhos, mas que custaram uma pequena fortuna pois são italianos e tal. Bom, cada um busca ser feliz como acha melhor, né?
O itinerário do Splendor será 14 dias na América do sul, saindo de Buenos Aires (onde vou embarcar), cruzando o Estreito de Magalhães, passando pelo Cabo de Horn, Ushuais -que legal, estudei isso na escola e vou poder ver de perto!!!-
Após, o navio fará outros cruzeiros saindo da Califórnia em direção à Riviera Mexicana. Interessante. Escolhi o navio pois ele passa perto do RS, onde moro. Como pagamos a passagem até o porto onde o navio passa, resolvi por esse, uma vez que é um navio novo (construido em julho 2008) e é grande. Isso quer dizer bastante trabalho e dinheiro, ok? Afinal, ficar 7 meses no mar só visitando lugares acaba por ser meio rotineiro, e como vou para trabalhar, pra mim está excelente. Ademais, quando meu contrato terminar, poderei desembarcar na Califórnia, e de lá conhecer com calma a costa oeste americana.