Dizem que o pessoal que trabalha em navio ou ama ou odeia a experiência. Não tem meio termo. Quem gosta do mar, sempre sente saudades. No meu caso já se passaram uns 4 meses desde que voltei, e tá dando uma pontinha de saudades (devo ser louco mesmo). Em alguns momentos parece que você está lá no navio, como em um pesadelo. Não digo isso pra assustar alguém, e não tem nada a ver com saudades da família e tal. Mas são situações de pessoas que te aborrecem (e que vc tem que ver a tal pessoa TODO o dia). Na verdade é um exercício interessantíssimo para crescimento pessoal. Se você não tem p-a-c-i-ê-n-c-i-a de Jó, vai explodir logo. Tudo bem que a gente é ser humano (conheci alguns que eram, no entanto, ceres umanos...), tem limite e tal. Estou tendo algumas idéias sobre o trabalho no mar que daqui a pouco vou postar. Vai depender do que minha recrutadora Débora (pessoa querida e que respeito muito) disser.
Acho que nunca escrevi sobre a seleção no Rio. Tô a fim de relatar pra quem tá chegando agora.
SELEÇÃO NO RIO - 2007
Voamos para o Rio, eu e minha modelo (esposa). Chegamos pela madrugada, ficamos no mesmo hotel onde seria feita a seleção. Lembro que o traje era formal e com exceção de mais duas pessoas, todos estavam trajados de maneira bem informal. Uma coisa que aprendi cedo na vida é de que você quer algo, tem que se ADAPTAR ao que deseja e não o oposto. Se uma entrevista é pra ir de chinelo de dedos, você vai de chinelos, pois se são os entrevistadores que assim pedem então tem de ser assim. Não sei quantas pessoas foram aprovadas, além de mim, mas pela maneira de se expressarem, durante o intervalo, dava prá ver que tinha gente que queria mais era viajar como passageiro e trabalhar nas horas de folga!!
Bom, tudo foi tão rápido que dizer foi como um sonho bom não descreve as emoções que vinham, uma atrás da outra. Já tinha viajado para o exterior antes (pagando em suaves prestações, de 12x!) para estudar inglês em NY. Fiquei um mês lá no tempo em que estava na faculdade.
Londres foi uma maravilha, as cores completamente diferentes daqui no Brasil, tudo inesperado. Algumas pessoas reclamavam de tudo: da comida no YMCA, na carga puxada de estudos e blá, blá, blá. Olha, quem tá a fim de pegar no trabalho se escolhe muito fica sem nada. Não quer dizer que a gente tenha que se rebaixar e aceitar o que é notadamente errado ou escravizante.
Depois do primeiro contrato e dos lugares que sempre sonhei em visitar (visitei TODOS os países que sempre desejei. mmmm it´s like a miracle) aprendi um monte sobre administração, clientela, e tal. Isso tem me ajudado muito aqui na reestruturação do nosso pequeno negócio. Enxugamos todo o excesso e estamos indo bem mesmo. Então, prá que voltar a ficar 7 meses longe de casa....ah, tem coisas que não se explica pois você tem que sentir e vivê-las!
Débora - Recrutadora Steiner
Conversei -ao vivo e em cores- uma unica vez com a Débora, que faz a seleção para a Steiner, (empresa que gerencia os spas a bordo de navios de cruzeiro). Ela me pareceu bem legal, idônea e muito transparente. Enquanto ela comentava sobre a experiência dela como massagista a bordo e a possibilidade de fazermos parte do trabalho a bordo, senti lá dentro que era aquilo mesmo. Tinha certeza que iria conseguir o trabalho. Nos anos seguintes sempre que tive situações delicadas e não sabia a quem recorrer, ela foi uma luz no meio de tanta papelada e burocracia. Sempre foi prestativa e com uma palavra (ou melhor, um e-mail) de força. Nunca agradecerei à ela o suficiente pela oportunidade única de trabalhar em navios. Obrigado Débora.
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Hoje é sábado, dia de descansar um pouco. Segunda-feira tem um monte de coisas pra fazer, algumas dizem respeito ao meu trabalho por aqui e outras sobre meu futuro próximo. Assim que eu tiver novidades, escrevo mais. Um abraço a todos e você que está lendo essas mal traçadas linhas e não sabe se vai-ou-se-fica, se vai trabalhar em navio ou não, digo uma coisa: Quem não arrisca não petisca!!! fui.