segunda-feira, 28 de maio de 2007

Isso eu vivi...

Cabelão preto combina com mechas amarelo-alaranjada, né?

    Então estávamos no salão quando entra a moça, com o cabelo enorme e preto, e pede mechas loiras como aquela que tinha na parte da frente. Bom, a tal da mecha era de um amarelo-sujo-amanhecido com leves toques de laranja-vermelho rosado. Ela mesma tinha feito em casa e disse que queria mais cinco mechas bem marcadas, daquela cor. A cabeleireira que estava no salão ficou na dúvida de como descolorir aquele cabelo de quase um metro de comprimento, PRETO como a noite. Após uma inglória tarefa que durou uma hora, eis que o cabelo fica daquela cor ridícula mencionada acima. Quando volto ao salão me deparo com aquela abominação na cabeça da mulher, que está sorridente. A cabeleireira faz a escova, passa a chapinha, a pedido da cliente, toca um gloss por cima da cabeleira e diz: "Tá pronto."
      Claro que ficou feio. Porém, a pedido da dileta cliente, muy sabedora de coloração, pede para deixar exatamente assim, que ela tinha amado a cor (mau gosto não se discute). Pagou, sempre sorridente, e saiu com o cabelão esvoaçante pela rua, naquela tarde quente de verão. Pagando bem, que mal tem?

Vermelho Cerejinha Madura: É uma diliçia!!
      A cliente entra na sala, e já começa a falar mal da cabeleireira que tinha feito o relaxamento no cabelo dela, na semana anterior. Disse que o cabelo estava caindo, que estava perdendo fios e mais fios e não sabia o que fazer. Para arrebentar um pouco mais o pau da barraca, complementou que a profissional não sabia fazer cabelos direito. Mas que terrível, repliquei. As alunas do curso de cabeleireiro, que estavam  fazendo uma aula prática no salão se entreolharam, e como Deus deu para nós duas orelhas e APENAS uma boca, e todas elas aprenderam muito bem isso na aula, ficaram como estavam, quietas. Indiquei uma das alunas mais aplicadas, que por sinal era chata como a cliente (Ops!).
     A aluna foi lavar o cabelo daquela senhora e com todo o asco do mundo estampado na face, me chamou. Olho para o couro cabeludo e depois de um arrepio de nojo pergunto à excelentíssima dama que reclamara há pouco, quanto tempo ela não lavava o cabelo. A amável senhora resmungou que costumava lavar o cabelo UMA VEZ POR SEMANA. Bom, depois da constatação que a água em contato com aquele couro cabeludo emanava um cheiro, como posso dizer... de urubu em decomposição, misturado com uma dúzia de ovos podres e uma pitada de vômito azedo de bebê, eu disse àquela pessoa que a culpa do cabelo estar caindo era dela, pois ficar tanto tempo sem lavar o cabelo é um descuido muito grande. Naturalmente não poderia chamar aquela senhora de porca relaxada, mulambenta fedida, pois como sou educado, guardo tais palavras para esse blog, que aceita tudo e não reclama.
      Diante do exposto, a aluna teve que engulir o mau humor, trancar a respiração, segurar a ânsia de vômito e lavar o couro cabeludo, rico em sebo azedo, da tal cliente. Após tudo isso, a senhora pediu para tinturar com vermelho 6.66 (humm, o número do demo??). Os fios que restavam ficaram em um lindo matiz de vermelho cereja, plantados em uma cabeça rançosa e cheia de feridinhas. Pagou o valor do serviço, foi embora serelepe e alegre com os cabelos relaxados e vermelhos. Perguntei para a cabeleireira que havia feito o relaxamento e ela disse que a cliente veio com a cabeça com algumas pequenas falhas no cabelo (tipo calva, sabe?) e duas alunas disseram que conheciam a madame e que ela era assim mesmo: porca. Vai entender esse povo, e além do mais você deve mostrar teus belos dentes brancos pois afina, estão lá porque você é profissional, num é??

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