Acho que a vida tem que ser vivida com alegria. O trabalho a bordo pode ser estressante ou você pode fazer que seja mais agradável. Eu optei pelo bom humor e não foram poucas as vezes que fiz muita gente rir no spa com as situações que criávamos para deixar o ambiente mais...interessante!
Terror A Bordo - vou arrancar sua pele
Dia de embarque, saindo da Flórida para o Caribe. Entram duas moças no salão. A pedicure termina o pé de uma delas e ela senta perto de onde estou. Como tenho tempo livre, resolvo iniciar uma conversa com ela. Explico a importância de se ter atenção com a pele e tal. Falo dos benefícios de nutrir a pele do rosto para evitar as rugas prematuras. Até aí ela continua com os olhos grudados em mim. Digo que um programa adequado para o tipo de pele dela é começar fazendo uma exfoliação, antes de nutrir. Ela, Americana, não entende o que é o termo exfoliação. Dou mais detalhes e falo que é remover a camada de pele morta, que com o passar dos anos vai ficando mais grossa e assim deixa o rosto sem o brilho da juventude. Pois não é que a moça pára de beber o drinque, arregala os olhos como se tivesse visto um monstro, e diz, l-e-n-t-a-m-e-n-t-e: "como eu vou viver sem minha pele?" O problema é que ela não estava brincando. A passageira achou que a tal exfoliação iria arrancar TODA a pele do corpo dela!!
Pobre da moça. Quase entrou em choque, começou a dizer que não queria saber daquilo, pois deveria ser horrível, a amiga veio e ela disse para a moça que eu tinha proposto exfoliar o rosto dela, que era como arrancar toda a pele do rosto. A amiga, um pouco menos burra disse prá ela não gastar o dinheiro dela com bobagens, que ela não precisava de nada. Foram embora. Quando contei o ocorrido pras manicures (que disseram que as duas moças pareciam ser meio caipiras) elas começaram a rir que quase fizeram xixi no uniforme :)
E vamu batê palminha!
Chega a tia, muito falante, muito querida. Só que eu não conseguia entender quase nada do que ela queria. Deixa explicar: a mulher ria e falava, ria e falava, mas TANTO (já chegou alegre ao spa), que eu não entendia o que ela tava dizendo. Acho que ela tinha tomado um trago bem forte (fumado, ou cheirado, ou ambos, não sei..), que deixou todo o senso de auto-controle na cabine. Por mim, tudo bem. Só que eu tava ficando um pouco aborrecido pois ela falava, ela me perguntava algo e eu todo o instante: "Sorry, what did you say?" A tia ria e batia palmas. Parecia louca. Começei a secar e modelar o cabelo da tia e resolvi entrar na dela. Ria junto com ela, prestando atenção para acompanhar a altura da risada, para parecer que eu tava entendendo tudinho. Tinha momentos que ela ria mais alto, e eu também. Terminei o cabelo da tia, cobrei, ganhei minha gorjeta e ela foi embora. As duas manicures, que ficaram contagiadas por tanta risada, me perguntaram o que estava acontecendo. Eu disse que não tinha a menor idéia do que a cliente tava falando, pois não tinha entendido NADA. As duas jamaicanas começaram a gargalhar até não mais dar!
Dança da tchutchuca - o momento Amy Winehouse da curitibana riquinha
Era um alvoroço, que eu não entendi o que estava acontecendo, já no final de um cruzeiro. "Você não sabia?". Sei lá, eu disse. Havia uma brasileira, destrambelhada, que numa da piscinas públicas resolveu fazer top-less, na frente de famílias e crianças, chocando a todos. A doida já tinha sido pega várias vezes na área de tripulantes (é proibido para passageiros), tinha ido a uma das festas no crew bar, havia sido flagrada com drogas. A coisa foi tão feia, que o diretor do cruzeiro disse, no teatro, para mais de 1500 passageiros, que os brasileiros eram muito extrovertidos e que tinham uma maneira de se expressar que poderia ser chocante para outras culturas. Ainda bem que eu só fiquei sabendo desse vexame no final do cruzeiro. Que papel, heim?
A vendedora banguela em Fortaleza
Chegamos em Fortaleza, nunca tinha visitado o lugar. O porto era usado para navios de carga, a vizinhança bem interessante, com vários prostíbulos funcionando naquela manhã, que, apesar de ser domingo, elas tem que PEGAR no batente. Entendeu?
Fui até o centro, entrei numa churrascaria , pedi um guaraná e churrasco. Fazia meses que não comia um churrasco. Veio o guaraná: boca da garrafa toda quebrada e enferrujada. A carne chegou, depois de uns 58 minutos de espera. Tá, deu prá enganar a vontade. Faço churrasco melhor do que eles.
Na volta, entro na fila que se forma, fora do navio. Várias barraquinhas estão ali, com exemplares de frutas: mangas meio murchas, uvas, melão cortado e outras mais, tendo um séquito de moscas voando e caga..do nas frutas. Fiquei meio sem graça, pois é minha terra.
As vendedoras eram duas senhoras, uma delas banguela e a outra tinha poucos dentes na boca. Os vendedores falavam que tinham que cobrar bem caro pois os passageiros eram ricos. Elas falavam assim, pois todos os passageiros não entendiam o Portugues. Tipo, uma caneta ordinária escrito BRASIL estava por $5,00 dólares. Acho que ela custa uns 50 centavos, só. Ninguém comprou nada, nem olhou para as baraquinhas.
A senhora banguela continuou mascando um troço o tempo todo. Será que era aquele fumo de corda? Quanta diferença dos vendedores em banquinhas em outros países!!!