quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Histórias Engraçadas

Acho que a vida tem que ser vivida com alegria. O trabalho a bordo pode ser estressante ou você pode fazer que seja mais agradável. Eu optei pelo bom humor e não foram poucas as vezes que fiz muita gente rir no spa com as situações que criávamos para deixar o ambiente mais...interessante!

Terror A Bordo - vou arrancar sua pele



Dia de embarque, saindo da Flórida para o Caribe. Entram duas moças no salão. A pedicure termina o pé de uma delas e ela senta perto de onde estou. Como tenho tempo livre, resolvo iniciar uma conversa com ela. Explico a importância de se ter atenção com a pele e tal. Falo  dos benefícios de nutrir a pele do rosto para evitar as rugas prematuras. Até aí ela continua com os olhos grudados em mim. Digo que um programa adequado para o tipo de pele dela é começar fazendo uma exfoliação, antes de nutrir. Ela, Americana, não entende o que é o termo exfoliação. Dou mais detalhes e falo que é remover a camada de pele morta, que com o passar dos anos vai ficando mais grossa e assim deixa o rosto sem o brilho da juventude. Pois não é que a moça pára de beber o drinque, arregala os olhos como se tivesse visto um monstro, e diz, l-e-n-t-a-m-e-n-t-e:  "como eu vou viver sem minha pele?" O problema é que ela não estava brincando. A passageira achou que a tal exfoliação iria arrancar TODA a pele do corpo dela!! 
Pobre da moça. Quase entrou em choque, começou a dizer que não queria saber daquilo, pois deveria ser horrível, a amiga veio e ela disse para a moça que eu tinha proposto exfoliar o rosto dela, que era como arrancar toda a pele do rosto. A amiga, um pouco menos burra disse prá ela não gastar o dinheiro dela com bobagens, que ela não precisava de nada. Foram embora. Quando contei o ocorrido pras manicures (que disseram que as duas moças pareciam ser meio caipiras) elas começaram a rir que quase fizeram xixi no uniforme  :)

E vamu batê palminha!

Chega a tia, muito falante, muito querida. Só que eu não conseguia entender quase nada do que ela queria. Deixa explicar: a mulher ria e falava, ria e falava, mas TANTO (já chegou alegre ao spa), que eu não entendia o que ela tava dizendo. Acho que ela tinha tomado um trago bem forte (fumado, ou cheirado, ou ambos, não sei..), que deixou todo o senso de auto-controle na cabine. Por mim, tudo bem. Só que eu tava ficando um pouco aborrecido pois ela falava, ela me perguntava algo e eu todo o instante: "Sorry, what did you say?" A tia ria e batia palmas. Parecia louca. Começei a secar e modelar o cabelo da tia e resolvi entrar na dela. Ria junto com ela, prestando atenção para acompanhar a altura da risada, para parecer que eu tava entendendo tudinho. Tinha momentos que ela ria mais alto, e eu também. Terminei o cabelo da tia, cobrei, ganhei minha gorjeta e ela foi embora. As duas manicures, que ficaram contagiadas por tanta risada, me perguntaram o que estava acontecendo. Eu disse que não tinha a menor idéia do que a cliente tava falando, pois não tinha entendido NADA. As duas jamaicanas começaram a gargalhar até não mais dar!

Dança da tchutchuca - o momento Amy Winehouse da curitibana riquinha

Era um alvoroço, que eu não entendi o que estava acontecendo, já no final de um cruzeiro. "Você não sabia?". Sei lá, eu disse. Havia uma brasileira, destrambelhada, que numa da piscinas públicas resolveu fazer top-less, na frente de famílias e crianças, chocando a todos. A doida já tinha sido pega várias vezes na área de tripulantes (é proibido para passageiros), tinha ido a uma das festas no crew bar, havia sido flagrada com drogas. A coisa foi tão feia, que o diretor do cruzeiro disse, no teatro, para mais de 1500 passageiros, que os brasileiros eram muito extrovertidos e que tinham uma maneira de se expressar que poderia ser chocante para outras culturas. Ainda bem que eu só fiquei sabendo desse vexame no final do cruzeiro. Que papel, heim? 

A vendedora banguela em Fortaleza



Chegamos em Fortaleza, nunca tinha visitado o lugar. O porto era usado para navios de carga, a vizinhança bem interessante, com vários prostíbulos funcionando naquela manhã, que, apesar de ser domingo, elas tem que PEGAR no batente. Entendeu? 
Fui até o centro, entrei numa churrascaria , pedi um guaraná e churrasco. Fazia meses que não comia um churrasco. Veio o guaraná: boca da garrafa toda quebrada e enferrujada. A carne chegou, depois de uns 58 minutos de espera. Tá, deu prá enganar a vontade. Faço churrasco melhor do que eles. 
Na volta, entro na fila que se forma, fora do navio. Várias barraquinhas estão ali, com exemplares de frutas: mangas meio murchas, uvas, melão cortado e outras mais, tendo um séquito de moscas voando e caga..do nas frutas. Fiquei meio sem graça, pois é minha terra.
As vendedoras eram duas senhoras, uma delas banguela e a outra tinha poucos dentes na boca. Os vendedores falavam que tinham que cobrar bem caro pois os passageiros eram ricos. Elas falavam assim, pois todos os passageiros não entendiam o Portugues. Tipo, uma caneta ordinária escrito BRASIL estava por $5,00 dólares. Acho que ela custa uns 50 centavos, só. Ninguém comprou nada, nem olhou para as baraquinhas. 
A senhora banguela continuou mascando um troço o tempo todo. Será que era aquele fumo de corda? Quanta diferença dos vendedores em banquinhas em outros países!!!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

2009 - minhas férias estão terminando!

2009

  Moro no sul, aqui faz um calor muito grande. Estranho que dias atrás tivemos uma semana inteira de frio intenso, quase parecido com o inverno.... efeito estufa.
   Eu poderia escrever sobre um monte de coisas nesse blog, mas como quero deixar ele apenas para as coisas relativas ao trabalho em navios de cruzeiro, então fica assim mesmo.

   Academia Steiner, Londres

   Todos os que são selecionados para trabalhar em Spas a bordo de navios, devem primeiro ter um treinamento BEM intenso na academia, em Londres. É muito interessante, muita gente lá, principalmente moças que vestem um uniforme branco. Uma vez, quando todos desciam do ônibus, em direção à YMCA (é onde ficamos hospedados durante o curso) um menino na rua perguntou para a mãe se aquele monte de moças de branco eram enfermeiras. Inclusive os sapatos são brancos.



   Nessa foto, a cantina no YMCA. Muita gente sempre reclamava da comida, do sabor e etc. Sou da opinião que você deve ter uma visão ampla sobre a vida, para entender (ou tentar entender) 
o que é bom ou ruim para outras culturas. Claro que a primeira vez que vi uma das brasileiras comendo um típico breakfast inglês, não achei muito apetitoso (e olha que eu não sou nojento pra comer...)  Era feijão adocicado, tomates inteiros fritos, torradas e outras coisas. Lembro que o presunto frito deles era de bater os pés no chão, de tão gostoso. 
   Achei o local asseado, simples mas ok. A beleza de viver e conhecer lugares é não esperar somente o que se está acostumado a ter, mas também conhecer o que é diferente, para não ficar estagnado na vidinha de sempre, achando que se está vivendo, quando na realidade se está enraizado ao passado, repetindo dia após dias as mesmas ações; para mim isso é envelhecer e virar museu. Tudo muda e quem acompanha, se renova sempre como ser humano, não é?
 
  Contagem regressiva para novo contrato, no Carnival Splendor.

Então esse é meu novo local de trabalho, a partir de Fevereiro-09. Estou efetuando os ultimos preparativos, uma vez que o contrato com a Steiner já foi assinado. Agora só resta aguardar e embarcar. 
Gosto muito de todo o trabalho envolvendo viajem, arrumar malas, ir para aeroporto... por mais que seja cansativo para muitas pessoas, simplesmente adoro tudo isso. Gosto de ver e ouvir os diferentes idiomas, comer sanduíches diferentes, ouvir as histórias de gente que mora em países próximos, como México ou mais distantes como o japão e outros poucos conhecidos como a Sérvia ou a Ucrânia... Para mim isso é viver, não o fato de ostentar um carro luxuoso, ou roupas espantosamente caras e com a marca enorme estampada na camiseta, ou os sapatos estranhos, mas que custaram uma pequena fortuna pois são italianos e tal. Bom, cada um busca ser feliz como acha melhor, né?
O itinerário do Splendor será 14 dias na América do sul, saindo de Buenos Aires (onde vou embarcar), cruzando o Estreito de Magalhães, passando pelo Cabo de Horn, Ushuais -que legal, estudei isso na escola e vou poder ver de perto!!!-
Após, o navio fará outros cruzeiros saindo da Califórnia em direção à Riviera Mexicana. Interessante. Escolhi o navio pois ele passa perto do RS, onde moro. Como pagamos a passagem até o porto onde o navio passa, resolvi por esse, uma vez que é um navio novo (construido em julho 2008) e é grande. Isso quer dizer bastante trabalho e dinheiro, ok? Afinal, ficar 7 meses no mar só visitando lugares acaba por ser meio rotineiro, e como vou para trabalhar, pra mim está excelente. Ademais, quando meu contrato terminar, poderei desembarcar na Califórnia, e de lá conhecer com calma a costa oeste americana.